terça-feira, 4 de agosto de 2020

"PESQUISA APONTA APAGÃO EDUCACIONAL NO RS DURANTE PANDEMIA", DIZ COMITÊ DE ACOMPAPANHAMENTO DA CRISE EDUCACIONAL

Pesquisa aponta desigualdade do acesso à educação em Porto Alegre durante pandemia
Foi apresentada na manhã desta quinta (31) a primeira parte dos resultados de uma pesquisa produzida pelo Comitê Popular Estadual de Acompanhamento da Crise Educacional no RS. Os dados foram coletados entre os dias 23 e 28 de julho através de um questionário online. Entre os mais de 6 mil acessos, foram validadas 2.200 respostas. A pesquisa buscou mapear a condições, necessidades e impactos da pandemia e as condições de segurança para volta às aulas.
A Socióloga e integrante do comitê Aline Kerber, uma das responsáveis técnicas pelas pesquisa, ressalta aspectos que já estão sendo percebidos pela pesquisa sobre o momento vivenciado pela educação pública e privada no Rio Grande do Sul. "Já nas primeiras análises foi possível perceber que estamos em um momento de apagão educacional tanto nas redes públicas como na rede privada", ressalta Aline.
Aline destaca que 53% das famílias afirmam que a renda da casa diminuiu e 27% estão em situação de desemprego. Outro dado preocupante é que 22% das famílias dizem deixar os filhos sozinhos em casa e 13% mencionam que os filhos com familiares/amigos/vizinhos maiores de 18 anos.
Daniel Momoli, Doutor em Educação pela UFRGS e um dos articuladores do Comitê, vê com preocupação o cenário desigual apontado pela pesquisa. A pesquisa apontou que 59% dos alunos das escolas estaduais e 47% das municipais dizem ter computador, enquanto na rede privada mais de 96% dos estudantes possuem computadores.
Ao total 80% das pessoas que responderam dizem ter acesso a internet Wifi e 43,5% tem internet no celular. Mas, quando observado de forma segmentada, nas escolas municipais isso significa que apenas 14% dos estudantes tem banda larga, na rede estadual chega a 20% enquanto que na rede privada 49% dos estudantes tem banda larga.
Os dados divulgados apontam ainda que 22% das famílias dizem ter algum filho sem aula na rede municipal neste momento, enquanto na rede estadual este número cai para 13%. Já na rede privada 93% afirmam que seus filhos tem aula neste momento, evidenciando a desigualdade do acesso à educação, principalmente dos estudantes das redes públicas em Porto Alegre.
Na próxima semana será divulgada a segunda parte da pesquisa, e o Relatório Final estará disponível a partir do dia 31 de agosto de 2020. Os resultados serão oficiados a todos os órgãos públicos com pedidos de reunião, para que seja possível debater o estudo realizado pelo Comitê a partir do protagonismo da Associação Mães & Pais Pela Democracia.
De acordo com as entidades que compõe o Comitê, entende-se que qualquer decisão sobre as condições de retorno às aulas presenciais deve ser deliberada com a participação de toda a comunidade escolar e acadêmica de nosso estado, em articulação intersetorial com as áreas da economia, da saúde, da cultura, do lazer, da segurança, da assistência social e respeitando a pluralidade da sociedade gaúcha. Para tanto, é fundamental a garantia do padrão de qualidade social/pedagógica do processo de ensino e aprendizagem e do acesso com equitatividade, reduzindo as desigualdades geradas nesse momento através da criação de mecanismos que assegurem a escuta, o envolvimento e a participação democrática das nossas comunidades escolares e acadêmicas
Mais informações podem ser obtidas com Aline Kerber, Presidenta da Associação Mães & Pais Pela Democracia através do e-mail maesepaispelademocracia@gmail.com e com Daniel Momoli do Comitê Popular Estadual de Acompanhamento da Crise Educacional no RS através do e-mail: comitepopulardeeducacao@gmail.com.
Confira a lista completa de entidades que compõe o Comitê no link: